O que fazer para melhorar o IDH?

Flávio Dino responde. 

Flávio Dino
Esta semana realizei mais um diálogo pela internet com centenas de pessoas, contando com a especial participação de blogueiros do nosso estado. Foi uma experiência muito enriquecedora, em que pudemos conversar por horas a respeito da atual situação do Maranhão. É sempre bom escutar e trocar ideias com a população, e para mim é uma grande oportunidade de aprendizado. Um dos principais temas debatidos foi o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, divulgado na última segunda-feira pelo IPEA, órgão do governo federal, por intermédio do excelente Atlas do Desenvolvimento Humano.

Dói na alma ver mais uma vez que o Maranhão, tão belo e rico, não consegue garantir condições dignas de vida para povo que nele vive, por conta de um modelo que se apropria e desvia os recursos públicos para o proveito de uma minoria de privilegiados e protegidos.

O Índice de Desenvolvimento Humano do Maranhão segue em penúltimo lugar no Brasil, com 0,639, praticamente empatado com Alagoas (0,631), e atrás de todos os nossos vizinhos. Para se ter uma ideia, o primeiro lugar é o Distrito Federal com 0,824. Em renda, o Maranhão fica em último lugar, com índice de 0,612. A mortalidade infantil no Brasil é de 16 por mil, enquanto no Maranhão é de 28 por mil. Das 100 cidades com pior IDH do Brasil, 20 são do Maranhão. Das 100 cidades com melhor IDH, nenhuma é maranhense. Aqui poderia preencher todo o espaço reservado a este artigo com uma sequência interminável, indecente e inaceitável de números que traduzem a situação de pobreza do Maranhão, se comparado ao restante do país.

Após uma década de Bolsa Família, a extrema pobreza caiu no país e, hoje, atinge 6% dos brasileiros. No Maranhão, apesar de todos os recursos para combate à pobreza, das políticas de transferência de renda e do aumento do salário mínimo – todas políticas federais –, 22% da população vive em extrema pobreza! Ou seja, um em cada cinco maranhenses sobrevive com menos de R$ 70 por mês! É inacreditável que os poucos que se beneficiam da situação não cheguem a se incomodar ao saber que o sistema que mantêm provoca tanta miséria.

E o que fazer? A resposta está no terreno da política. Vejamos o exemplo de nosso vizinho Ceará, que nas últimas três décadas já trocou de comando político por várias vezes. Pois vejamos os resultados. Durante toda a ditadura militar até o fim dos anos 80, o Ceará foi governado por uma oligarquia dos “coronéis”. Em 1991, ocupava o 4º lugar do IDH do Nordeste.  Agora, depois de vivenciar a salutar alternância no poder, o Ceará ocupa o 2º melhor posto do Nordeste.

Enquanto isso, e o Maranhão? Pois nós continuamos ocupando, de 1991 até hoje, a penúltima posição. Não do Nordeste, mas do Brasil! O que acontece de tão diferente 250 quilômetros a leste de nosso estado? O solo cearense é mais fértil? Os empresários são mais competentes? As pessoas trabalham mais? As paisagens são mais inspiradoras? Não!

O que aconteceu com o Ceará é que as mudanças políticas no estado mexeram com a qualidade do governo. Naturalmente, um grupo político quer fazer melhor do que o outro, gerando mais resultados concretos para a população. No Maranhão, desde o começo da ditadura militar, o mesmo grupo permanece no poder. O resultado do imobilismo na política é traduzido matematicamente por nossa estagnação nas últimas posições do IDH nacional.

Por tudo isso, defendo a mudança e a renovação política no Maranhão. Não tenho nenhum ódio pessoal ou rancor em relação ao passado, apenas acredito que precisamos virar essa página. O convite que faço é para que olhemos para o futuro, com confiança e esperança. Dias melhores virão.

Flávio Dino, 45 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal

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